Em estudo retrospectivo da coorte americana do Veterans Health Administration, os autores avaliaram o impacto do uso de estatinas na mortalidade e na prevenção primária da doença aterosclerótica CV (DACV) de idosos com idade de 75 anos ou mais.
Os desfechos primários foram mortalidade CV e por qualquer-causa, os secundários, a combinação dos principais eventos da DACV – IAM, AVC e revascularização coronária cirúrgica ou percutânea (MACE).
Dos 326.981 veteranos elegíveis, média de idade 81 anos, 95% homens, 57.178 (17,5%) iniciaram o uso de estatinas durante o período do estudo. No seguimento médio de 6,8 anos, um total de 206.902 mortes ocorreram, incluindo 53.296 mortes CV, com 78,7 e 98,2 mortes por qualquer-causa para cada 1.000 pessoas/anos, respectivamente, entre os usuários de estatinas e os não-usuários (diferença na taxa de incidência ponderada: –19,5 IC 95%:–20,4- –18,5).
Houve 22,6 e 25,7 mortes CV para cada 1.000 pessoas/anos, respectivamente, entre os usuários de estatinas e os não-usuários (–3,1 IC 95%:–3,6- –2,6).
Para o desfecho combinado ocorreram 123.379 de eventos DACV, com 66,3 e 70,4 eventos para cada 1.000 pessoas/anos, respectivamente, entre os usuários de estatinas e os não-usuários (–4,1 IC 95%:–5,1- –3,0).
Após análise de propensão, as razões de chance (HR) foram de 0,75 (IC 95%:0,74-0,76) para mortalidade por todas as causas; 0,80 (IC 95%:0,75-0,81) para mortalidade CV, e 0,92 (IC 95%:0,91-0,94) para o desfecho combinado de eventos, quando comparados os usuários de estatinas com aqueles não-usuários.
Os autores concluíram que em população com 75 anos ou mais, livres de DACV no período basal, o uso de estatinas associa-se, de forma significativa, com menor risco de mortalidade CV e por qualquer-causa. Ensaios clínicos são necessários para definir o papel das estatinas na prevenção primária de idosos com 75 anos ou mais.